domingo, 21 de fevereiro de 2010

Nada é eterno, é o que diz no contrato.

Como saber qua algo acabou? Que um ciclo se fechou? Como saber que aquilo se foi e não voltará mais? Como saber que não voltará (ou irá voltar) ? Como saber que algo importa para os nossos corações antes de deixá-lo ir? Como ter o gosto de saber, antes de fazer?
A vida é algo imprevisível, assim como a morte. Até porque, morrer é uma espécie de viver visto com outros olhos. Viver é morrer a cada segundo, a cada minuto. No momento do nascimento é proposto um tempo de estadia no novo lugar que acabamos de chegar, e que, inevitalvemente e debilmente aceitamos. Como um contrato que nos tira tudo, a qualquer hora, que assinamos sem saber das consequências das palavras escritas naquele pedaço de papel meio cósmico, meio do além, que vemos apenas duas vezes durante toda nossa hospedagem nesse hotel macabro, insano, e ao mesmo tempo lindo, mesmo sem sentido. Com hóspedes dignos de se matar, e outros dignos de serem eternizados. E o são, em nossos corações. Alguns preenchem amavelmente, deixando-o mais amplo... Outros fazem buracos que nunca mais irão sarar... E outros fazem curativos nos buracos feitos, que não saram, mas durante um bom período de tempo, também não sangram.
O engraçado é que, ao longo da vida, esquecemos do contrato. Ele simplesmente evapora das nossas mentes, e assim, esquecemos de que tudo que vem vai embora, e de que tudo que vem é insignificante assim como a vida em si. Damos valor e choramos por algo; mas esquecemos de que uma hora ou outra aquilo teria de ir embora. Para voltar, ou para nunca mais voltar. Esquecemos de que nascemos sozinhos, mesmo rodeado de pessoas, e de que iremos morrer, também, sozinhos. Sendo assim, fazemos nossas pilastras em cima de coisas passageiras: de pessoas, de objetos, de sonhos... E esquecemos do que é eterno, de nós mesmos. Nossas mentes. De vez em quando vem algo, ou alguém, e bate forte no nosso não já tão forte coração e diz para nos recolocarmos na linha e não se apoiar tanto em outros semelhantes. Mas o sofrimento passa, um curativo é feito no lugar da ferida, e esquecemos como um estalo, feito com os dedos indicador e dedão. Nós não nascemos para sofrer, porém sofremos, às vezes para se sentir mais vivo, às vezes... Só pelo fato de estarmos vivendo. De forma errada, mas o que importa é que estamos seguindo em frente.
Poucos lembram, poucos sabem, mas estamos sozinhos. No passado, no presente, e no futuro, iremos sempre estar sozinhos, independente de quantos amigos tenhamos, ou de quantos filhos criemos. No final, nós nos voltamos para nossa mente, e lá não tem nenhuma outra compahia a não ser nós mesmos.
Sozinhos, no nascer e no morrer e na transição deles. Porém não ligamos, e nos jogamos. Vivemos, enfim! Às cegas, porém sentindo o gosto dela. Delas. Da vida e da morte, grudadas uma na outra .
Em letras pequenas, daquelas que só se consegue ler com uma lupa, lá no canto inferior esquerdo do contrato, tem escrito, amavelmente: 'Nada, nesta vida ou na outra é eterno.'.

Um comentário:

  1. E agora eu tou aqui com os olhos marejados de lágrimas, porque tudo o que eu li é o que eu sei e que reluto em aceitar, escrito nas palavras mais doces que eu já li.
    Eu simplesmente amei.

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